Sunday, July 11, 2021

BONE ZENO - Festa de encerramento Porto Femme - 03/06/2018

Festa de Encerramento Porto Femme - BONE ZENO - Bone Zeno apresentou no Barracuda - Clube de Roque, no sábado passado, o seu mais recente álbum, de nome Black Milk (Impression Recordings, 2017). Fazer esta review de forma isenta é-me impossível de todo, pois amo verdadeiramente a música deste homem, já vai para muitos longos anos, quando ainda era [D-66] e atuava pontualmente no bar Porto-Rio= Barco Gandufe, no seu anterior projeto. Por isso esta vai ser necessariamente uma review de exercício de memórias, de amor e paixão pelo rock’n’roll underground, personificado neste senhor.


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas

Para que se entenda rapidamente, Bone Zeno é um projeto one man band, dentro do blues e do trash/punk. É também, por essa via, a forma como este alemão, a viver presentemente em Coimbra, extravasa todo os seus fantasmas e ideais de vida viciosos e caóticos, de uma forma completamente única e singular. No universo imenso das one man bands, que pululam um pouco por todo o lado na atualidade, Bone Zeno, é para mim o melhor e o maior de todos. É simplesmente muito grande, enorme. E penso isto desde há muitos anos, até porque considero ter um relativo bom conhecimento de outros artistas dentro deste tipo de formato, tanto ao vivo como discograficamente. E então é diferente dos outros em quê? Direi que é quase impossível haver alguém mais louco e excitante em palco, a tocar dentro do seu estilo musical, nos dias de hoje, sem utilização a recursos de distração iconográfica. E reforço também que dentro do seu estilo musical, ou seja, da música que faz, é para o meu gosto pessoal, completamente fascinante. Para mim Bone Zeno é a mais perfeita personificação do bluesman do post punk, das latitudes do noise guitar de um Rowland S. Howard, entrecruzado com o delicioso deboche caótico de uns The Birthday Party ou The Cramps, algures entre um Tom Waits, um Nick Cave, um Lux Interior… ou até de um Jerry Lee Lewis, quando jovem, todos juntos numa só pessoa e a destilar a mais das puras selvajarias em palco.



Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas

A energia e a sensação imediata de que estamos a assistir a algo de grande dentro do rock, é-nos logo transmitida aos primeiros acordes de abertura do concerto; qualquer verdadeiro amante de rock percebe imediatamente que a partir daí o mais natural é deixar-se ser levado pelo turbilhão de insanidade que se avizinha, qual tsunami. Já vejo Bone Zeno há mais de 11-13 anos (por aí), desde que se apresenta sempre no Porto, e até agora não faltei à pregação caótica uma única vez. Estive na primeira, quando este era baterista dos The Parkinsons e atuou no Porto-Rio, num concerto incrível, daqueles inesquecíveis e habituais da banda, e depois de todas as outras vezes que sempre lá se apresentou a solo como D-66 ao longo do tempo (num deles, quase que consegui destruír parte da sua performance (pois fiquei completamente possuído pela sua música), mas também do qual resultou o bom contato que ambos mantemos até aos dias de hoje. A última vez que o vi, foi no extinto CAVE 45, e foi igualmente excelente, dentro do que sempre espero da sua atuação ao vivo. Nunca me desiludiu até hoje. Por isso, só faltarei a um concerto de Bone Zeno por questões de força maior, como facilmente se percebe.

Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas



Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas

O concerto deste sábado passado foi mais um dentro do mesmo registo habitual de Bone Zeno; entre a loucura e o caos, mas também entre a profundidade e a excelência que todos os seus temas oferecem, sem exceção. Aliás, Black Milk, que estava a ser, em muitos dos seus temas, dissecado em palco, é um excelente álbum; daqueles que ouvi, de forma viciante, em 2017 durante semanas seguidas e em modo de repeat diário. Foi, por essas semanas, a minha banda sonora de vida.
Todas as vezes que um concerto dele finaliza, questiono-me da razão de Bone Zeno não ter uma carreira maior, e acho que a resposta resvala sempre para o óbvio: é demasiado selvagem e insano para ser “domado”, para que se permita, por si mesmo, concretizar os objetivos de um hipotético agente ou até de management, com a seriedade e a credibilidade com que muitos deles gerem as carreiras de outros artistas. É, também por isso, que adoro este homem e a sua música.


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas


Bone Zeno Barracuda - Clube de Roque, Porto, Portugal © Guilherme Lucas




- com BONE ZENO:
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